Eu encontrei uma versão de mim que eu gostei de conhecer. Uma que eu sequer sabia que existia.
E, para essa nova versão, existe a sua ausência, você que não está 
aqui.
Nesses últimos dias descobri mil coisas novas, pensei em te contar umas duas mil, abri nossas conversas e perdi todas as palavras que vinham na minha mente. De repente, mil, dois mil, uma, qualquer palavra se tornou nenhuma.
É a primeira vez que vivo as coisas sem você, sem sequer compartilhar com você. Ao mesmo tempo que as coisas têm sido boas, têm sido de uma dor absurda. Existe um constante lembrete de que algo está faltando aqui.
Mas eu não sei como resolver, não sei como colar essa fissura que foi aberta, não sei como tentar resolver, o que dizer, o que pensar. Quero fazer muitas coisas, e ao mesmo tempo nada. Tinha tantas coisas para viver com você, e de repente nenhuma.
Talvez eu tenha sido egoÃsta, ou talvez eu só quisesse verbalizar o que eu sentia. Talvez eu só quisesse você mais presente, ou talvez eu só não quisesse enxergar que esse espaço que existia não me cabe mais.
São tantas coisas, que vão se tornando nenhuma, porque sequer consigo organizá-las para pensar. Só consigo ver o tempo passando e pensar em tudo repetidamente.
Sinto sua falta, ao mesmo tempo que tudo me lembra você, mas acho que uma parte de mim cansou de tentar. E isso também me machuca, porque outra parte ainda não está preparada para te deixar para trás. Nunca vai estar.
É um conflito sem fim.
Quero te dizer mil coisas, e ao mesmo tempo nada. Porque falar também pode me levar a ser mal interpretada. Sinto que eu nunca vou poder falar de fato aquilo que eu preciso dizer. Nem sei se tenho esse direito.
Mas às vezes acho que estou sozinha num lugar que eu pensei para a gente.
Sabe o que mais me machuca? É que, ao invés de te dar só uma partezinha da minha vida, eu te deixei ocupar muitos espaços.
Acho que o pior erro foi achar que eu não era substituÃvel, já que para mim você não é.
Amei tanto você, que você era a única pessoa que via meu lado vulnerável além da minha escrita.
Eu escrevi um livro, e te coloquei lá: no meio das coisas que eu mais amo. E eu achei que tinha liberdade para te dizer tudo que eu sentia: as coisas boas e também as ruins.
Não para cobrar algo, mas somente para dizer o que eu sinto. Mas aà eu percebi que eu nem sei me expressar, e nada do que eu fale, mesmo que venha com um dicionário, vai ser assertivo ao dizer. Eu te dei tanta coisa, e aà eu percebi que não era de mim que você queria receber.
Eu não leio os livros mais difÃceis do mundo, e provavelmente nunca vou ver os mesmos lugares que você. Eu não escuto as músicas mais diferentes, nem artistas tão clássicos, provavelmente minha escrita não é a melhor, eu não bebo o café mais amargo, e nem tenho a visão mais romântica das coisas. Talvez eu seja mesmo muito racional e goste mesmo de coisas populares, provavelmente eu tenho os mesmos gostos que milhares de outras pessoas e nossas visões de mundo são diferentes. Talvez eu nunca consiga adentrar nos mesmos universos que você habita, talvez eu nunca consiga de fato compreender, mas se ainda houver algum espaço na sua vida, um modo de ajustar essa comunicação, acho que ainda podemos ser incrÃveis.
Eu amo você, não quero que você mude. Eu amei você exatamente dessa forma, eu só quero que a gente consiga ajustar nosso modo de sentir para que possamos ser nós de novo, ao invés de eu num canto e você no outro.
Sei que muitas coisas foram passageiras, mas eu não queria que você passasse também.
Estar sem você é como uma biblioteca vazia de livros. Não haveria nenhuma história em nenhum lugar, já que você fez parte das melhores coisas da minha vida.
Eu amo você, mas eu não sei mais como te dizer isso.
 
 
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